quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cult

Por Lilian Knoblok



Mulher co uma sombrinha - Monet

Um pouco de cultura para retornamos às atividades em 2012.

Fiquei impressionada com esta passagem de Em busca do tempo perdido - A Prisioneira, na qual Proust compara o desejo de uma mulher por um vestido com um estudante em busca de uma obra de arte.
A metáfora mais perfeita para quem ama moda, arte e literatura, como eu.

"Albertine sentia em possuir todas aquelas coisas bonitas um prazer muito mais vivo do que a duquesa, porque, como todo obstáculo posto a uma posse [...] a pobreza, mais generosa do que a opulência, dá às mulheres, muito mais do que o vestido que nao podem comprar, o desejo desse vestido, que é o conhecimento verdadeiro, minuncioso, aprofundado dele. Ela, porque não pudera comprar tais coisas, eu, porque, mandaando fazê-las, queria dar-lhe o prazer, éramos como estudantes que conhecem de antemão os quadros que anseiam ver em Dresden ou em Viena. ao passo que as mulheres ricas, no meio da multidão de seus chapéus e de seus vestidos, são como esses visitantes para quem a ida a um museu não sendo precedida de nenhum desejo, dá a sensação de atordoamento, de cansaço e de tédio".
PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido - A fugitiva. São Paulo: Globo, 1989, p. 57.

Como Albertine, não somos ricas para termos tudo que desejamos, portanto, o vestir-se foge ao tédio, não deve ser atordoamento, mas o resultado da busca minunciosa do nosso desejo.

Que 2012 seja um ano de consumo consciente, refreado e significativo. Que o exterior seja reflexo do interior  e que a as escolhas diante do espelho não sejam por tendência, mas identidade, como a construção de uma obra de arte.

Um 2012 muito fino para nós.

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